O debate da masculinidade negra está presente também na música, onde artistas expressam suas experiências e fazem críticas ao modelos hegemônico do que é ser homem
A masculinidade negra é um tema cada vez mais debatido na internet. Mas o assunto, que tem ganhado cada vez mais notoriedade, não fica só nos debates das redes sociais, livros e filmes, pois alguns artistas pretos já começam a buscar expressar suas visões sobre o tema através de álbuns musicais.
O norte americano Jay-Z, o nigeriano Burna Boy, e o brasileiro Sant, são alguns artistas conhecidos por falarem abertamente sobre a masculinidade negra e é possível encontrar músicas deles e muito mais na nossa playlist do Spotify. Porém, na lista a seguir você encontra álbuns inteiros que refletem sobre o tema.
A solidão, as alegrias do que significa ser homem e preto no mundo, e a luta contra a discriminação são pautas abordadas nas músicas de artistas brasileiros e internacionais. A lista a seguir segue a ordem cronológica de lançamentos.
Confira os melhores álbuns sobre masculinidade negra:
Gigantes – BK
Em 2018, o artista carioca Abebe Bikila Costa Santos, conhecido como BK, lançou seu segundo álbum de estúdio intitulado “Gigantes”, com 13 faixas, que trazem reflexões sobre masculinidades negras através de versos e rimas muito inteligentes.
“Gigantes” foi considerado o 21º melhor brasileiro de 2018, pela revista Rolling Stone, que descreveu a obra como “um disco que apresenta, em cada faixa, situações e sensações distintas, como pinceladas de uma obra maior”.
Assunto como a marginalização do homem periférico, a falta de referências masculinas, a hipersexualização, dentre vários outros são mencionados ao longo das músicas. O álbum, apesar de ser um dos primeiros de BK, foi importante para ajudar a consagrar seu status de um dos maiores nomes do rap nacional.
QVVJFA? – Baco Exu do Blues
“QVVJFA?”, que significa “Quantas Vezes Você Já Foi Amado?” foi lançado em janeiro de 2022, e começando pelo título, já traz reflexões sobre a solidão do homem negro.
No disco, o cantor Baco Exu do Blues fala de experiências pessoais quanto homem negro, que sabe na pele o que é ser objetificado e hipersexualizado. O cantor expõe cicatrizes e trata de forma melancólica e ira, assuntos como autoestima, vulnerabilidade e amores.
O álbum possui 12 canções, onde o principal assunto é forma de demonstrar e experienciar afetos sendo um homem negro, que nunca foi ensinado a se amar.
“Tudo que eu ouvi sobre esse tal de amor me assusta”
Mr. Morale & The Big Steppers – Kendrick Lamar
Lançado em maio de 2022, “Mr. Morale and The Big Steppers”, é um dos álbuns mais profundos do cantor norte-americano Kendrick Lamar. O trabalho rendeu o Grammy de Melhor álbum de rap ao cantor.
No álbum, o artista traz mensagens sobre paternidade, masculinidade, traumas, racismo, transfobia, sexo, problemas conjugais e saúde mental. Tudo isso em 18 músicas que são divididas em 2 discos conceituais.
O ponto mais alto de “Mr. Morale and The Big Steppers” é a faixa “N95” que critica a superficialidade da sociedade contemporânea, com seu materialismo e cultura de celebridades.
O Dono do Lugar – Djonga
Em “O Dono do Lugar”, Gustavo Pereira Marques, mais conhecido como Djonga, traz diversas discussões sobre a masculinidade negra, começando pela capa, que faz referência à obra “Moinhos de vento” de Dom Quixote, e onde o rapper aparece lutando contra o racismo.
Djonga fala sobre o seu lugar no mundo, quanto homem preto, no álbum que tem 12 canções, com letras maduras e astutas. Na obra, o cantor critica comportamentos de masculinidade tóxica, ostentação supérflua, e até a própria indústria musical.
Os pontos altos do álbum estão nas faixas “a cor púrpura” e “em quase tudo”, onde ele reflete sobre a masculinidade do ponto de vista de pai e de filho. Já na música “conversa com uma menina branca”, Djonga reflete sobre racismo, lugar de fala e criminalização do homem negro”
Seguindo a tradição de um álbum por ano, Djonga lançou “O Dono do Lugar” no dia 12 de outubro de 2022.
O Sábio – Mc Poze
O carioca Marlon Brandon Coelho Couto Silva, conhecido pelo nome artístico MC Poze do Rodo lançou, em novembro de 2022, o álbum “O Sábio”, onde trata, dentre vários temas, da marginalização do homem negro.
A obra contém apenas nove músicas, que narram as realidades das vivências na periferia. O album é cru e viceral, e nele, MC Poze fala sobre sexo, violência, luxos, amigos e família, em clima saudoso, em certos momentos.
Beautiful and Brutal Yard – J Hus
Em julho de 2023, o cantor britânico J Hus lançou o álbum “Beautiful and Brutal Yard”, que faz uma investigação do que é a masculinidade e como ela pode se apresentar. O rapper reflete sobre comportamentos, questões físicas e espirituais sobre a temática.
A pressão de ser um homem preto em seu país e em um mundo racista são pautas abordadas no álbum, que é um compilado de 19 músicas.
Em uma das principais faixas do álbum, a canção “Masculine”, parceria com o cantor Burna Boy, J Hus explana as consequências de exemplos de masculinidade nociva na educação de crianças pretas, e faz críticas ao modelo engessado do que é ser homem na sociedade atual.
BÔNUS: The Lion King: The Gift – Beyoncé
O álbum da cantora norte-americana Beyoncé traz uma visão feminina do que é ser um homem negro e incentiva homens pretos a se reconectarem com seu passado ancestral, onde sua verdadeira essência os espera, e reencontrarem sua realeza.
O projeto é uma extensão do live action de “O Rei Leão”, e deu origem ao filme Black Is King, que reflete, através de músicas e poesias, sobre o poder de se redescobrir enquanto indivíduo no mundo. A cantora, junto a todos os artistas colaboradores, apresentam uma visão empoderada da masculinidade.
“Preto é belo” é a mensagem principal da obra, que traz, em 17 faixas, músicos como: Shatta Wale, Wizkid, Salatiel, Pharrell Williams, Childish Gambino, Kendrick Lamar e Jay-Z.
Playlist oficial da Nagô
Confira a playlist especial da revista Nagô sobre masculinidade negra.