O cantor faleceu em 1981 e deixou para o mundo ensinamentos atrelados à filosofia naturalista, orgulho negro e paz. Seu legado vive em suas canções revolucionárias até hoje
Robert Nesta Marley, mais conhecido como Bob Marley, nasceu no dia 06 de fevereiro de 1945, na cidade de Nine Mile, na Jamaica. Consagrado maior cantor de reggae de todos os tempos e responsável por popularizar o ritmo internacionalmente. O artista também foi um dos maiores representantes do movimento judaico-cristão rastafári.
Quando nasceu, sua mãe, Cedella Booker, tinha apenas 18 anos, enquanto seu pai, Norval Sinclair Marley, tinha 50. Norval era descendente de ingleses e capitão da marinha inglesa, e quando morreu, Bob e sua mãe começaram a passar dificuldades financeiras, até que se mudaram para a favela de Trenchtown, na capital da Jamaica, Kingston.
Sofreu bullying durante a infância por sua baixa estatura e por ter a pele mais clara do que seus colegas, já que era descendente de um casal interracial. Aos 14 anos, então, ele abandonou a escola e passou a estudar música enquanto trabalhava como soldador.
Suas duas primeiras músicas saíram no ano de 1962, fruto de uma parceria com o produtor musical sino americano Leslie Kong, mas “Judge Not” e “One Cup of Coffee” não fizeram sucesso, o que acarretou no rompimento do acordo entre eles, especialmente após discordâncias sobre questões financeiras.
No mesmo ano, Bob se juntou ao seu enteado Bunny Wailer, seu amigo Peter Tosh, e os vocalistas Junior Braithwaite, Beverley Kelso, Cherry Smith e formaram a banda “The Teenagers”, que mais tarde trocaria o nome para “The Wailing Wailers”.
Mas durante os anos que se seguiram, o grupo passou por diversas mudanças: primeiro trocou de integrantes diversas vezes, permanecendo apenas o trio de amigos: Bob, Bunny e Peter. Anos depois, o grupo passaria a se chamar “The Wailing Rude Boys”, após uma mudança nas letras e na sonoridade, que começou a seguir o ritmo rocksteady.
Em 1965, Bob Marley conheceu Alpharita Constatia Anderson, que mais tarde se tornaria sua esposa. Ela também fez parte do grupo por um tempo. Nos oito meses em que o jamaicano passou em Delaware, nos Estados Unidos, com sua mãe, ele detestou o clima e ritmo do país. Quando voltou, encontrou a banda cada vez mais adepta ao movimento Rastafari.
Com a volta de Bob, eles fundaram a gravadora Wali’N Soul’M, que faliu em poucos meses. Nesse momento, os três integrantes principais também enfrentaram problemas com a polícia. A solução foi assinar com outras gravadoras até encontrar a certa para o grupo.
Eles assinaram com Lee “Scratch” Perry, que remodelou totalmente o estilo da banda, desde os vocais, até o foco do grupo em uma única pessoa: Bob Marley. Foi assim que começou a surgir a fase reggae, que consagraria o jamaicano no futuro.
A banda então lançou o álbum “Soul Rebels”, em 1970, e “Soul Revolution Part II” em 71, com o nome “Bob Marley and the Wailers”. Além da capa do primeiro álbum não agradar os integrantes devido à sua religião (uma mulher seminua segurando uma metralhadora), Peter e Bunny passaram a se sentir integrantes secundários.
A carreira solo de Bob começou então após os outros integrantes decidirem seguir carreiras individuais devido aos acordos desrespeitados pelos produtores, mesmo tendo lançado os primeiros álbuns de sucesso internacional, o “Catch a Fire” e o “Burnin’”, em abril e novembro de 1973, respectivamente.
Bob decidiu então reformular o nome para Bob Marley & The Wailers e lançou mais sete discos cheios de hits, que acabaram recebendo certificados de ouro e prata no Reino Unido e Estados Unidos. Entre seus maiores sucessos, destacam-se “No Woman NO Cry”, “One Love / People Get Ready”, “Three Little Birds”, “Is This Love”, “Could You Be Loved”, “Get Up Stand Up”, dentre várias outros.
Marley trazia fortes mensagens políticas e por isso passou a ser visto como revolucionário. Apesar da vida difícil, ele fez questão de fazer músicas inspiradoras sobre paz, amor e perseverança.
Com mais de 75 milhões de discos vendidos no mundo, ele ficou milionário e passou a viver em uma mansão, que hoje é um museu considerado o templo do reggae, na casa de Bob Marley, na capital da Jamaica. Apesar de rico, ele dedicou sua vida a ajudar os mais necessitados na Jamaica, alegando não manter quase nada da sua riqueza para si.
O músico sofreu uma tentativa de assassinato, em 1976,na época das eleições presidenciais no país, por parte do civis que não apoiavam o mesmo candidato que ele. Na ocasião, Bob Marley, sua esposa, Rita, e seu empresário, Dom Taylor, e todos foram feridos.
Em 1977, ele se mudou para Londres, para escapar de uma possível perseguição e lá lançou o álbum Exodus. Dois anos depois, lançou “Survival”, que trouxe questões políticas e críticas ao que acontecia no continente africano na época. O disco chegou a ser censurado na África do Sul, pelo regime do Apartheid, mas tocou na cerimonia de independência do Zimbabwe, em abril de 79.
Ainda em 77, Bob Marley descobriu um câncer de pele, que se desenvolveu sob sua unha. Mas, apesar dos conselhos médicos para ele operar o pé, o cantor se recusou devido às diretrizes da religião rastafari, que não permitia a modificação do corpo. Então, ele buscou tratamentos naturalistas que não resolveram seu problema de saúde.
Bob Marley faleceu no dia 11 de maio de 1981, aos 36 anos, no meio da viagem de volta para a Jamaica, onde passaria seus últimos dias. No seu velório, chefes de estados compareceram e ele foi enterrado na sua cidade natal, Nine Mile, ao lado da sua guitarra favorita.
Um mês antes de morrer, Bob Marley foi agraciado com a Ordem ao Mérito Jamaicana. Dentre seus ensinamentos, destacam-se a filosofia naturalista, orgulho negro e paz. Além disso, Bob deixou 12 filhos, que teve com nove mulheres e se estivesse vivo completaria 79 anos em 2024.
*Com informações de: O Globo, Terra, GQ, Primeiros Negros, eBiografia, Jornal do Commecio, Canal Painel de Histórias e Wikipedia.