Nelson Mandela foi o mais famoso preso político do mundo, e transformou os rumos da história da África do Sul. Sua soltura, em fevereiro de 1990, representou o começo do desmantelamento do Apartheid.
Há 34 anos, no dia 11 de fevereiro de 1990, Nelson Mandela deixava a prisão na África do Sul, onde permaneceu por mais de duas décadas após ser considerado traidor da nação. A sua soltura representou o começo do desmantelamento do Apartheid.
Nascido em 18 de julho de 1918, ele viveu numa realidade onde negros não podiam podiam ter terras, votar, se casar com pessoas brancas ou até andar na mesma calçada que uma pessoa branca, em certo locais, dentre várias outras proibições.
Ele foi o mais famoso preso político da história e mais tarde se tornaria presidente do país, e mais influente liderança política da África Subsaariana.
Contexto histórico
Nelson Rolihlahla Mandela, começou sua carreira em 1939, estudando na Universidade de Fort Hare, de onde foi expulso no ano seguinte, por participar de protestos que pediam melhorias na alimentação servida aos estudantes. Em 1941, Mandela fugiu de um casamento arranjado, indo para Joanesburgo, onde estudou na Universidade da África do Sul até o ano de 1943. Lá, ele teve contato com o Congresso Nacional Africano (CNA) e com o Partido Comunista da África do Sul.
Atuando como advogado e ativista da causa negra, o jovem Mandela começou a participar, e mais tarde organizar protestos e greves contra o regime de segregação racial que havia sido instaurado na África do Sul pelos holandeses desde o período colonial. Sua reivindicação era a asseguração dos direitos da população negra no país.
Mandela estimulava ações de desobediência civil no país e liderou vários protestos pacíficos, assumindo a linha de frente em vários deles. Em 1952, ele foi preso por dois dias, por convidar a população negra a ocupar os espaços reservados para a minoria branca.
Em 1960, Mandela foi preso, junto com outros manifestantes, logo após o massacre de Sharpeville, quando policiais assassinaram 69 pessoas e deixaram centenas de feridos no bairro. Na ocasião os manifestantes se reuniam na frente de uma delegacia para protestar contra as novas leis que exigiam que a população negra andasse o tempo todo com um passe que lhes garantiam o direito de ir e vir.
Como resposta à violência do governo, no ano seguinte, o CNA, criou um braço armado chamado Lança da Nação (Umkhonto we Sizwe, em na língua Zulu), chefiado por Mandela, que deixara para trás a pacificidade, em prol de uma luta equilibrada.
Na época, a África do Sul havia se aliado ao Ocidente na Guerra Fria, e os grupos rebeldes receberam apoio de governos socialistas, como União Soviética e Cuba. O ativista, então, viajou para o exterior em busca de ajuda na sua campanha de sabotagem do regime governamental. Mas ao retornar ao país, foi capturado, preso e levado a julgamento.
A prisão de Nelson Mandela
O sul-africano foi capturado no dia 5 de agosto de 1992, e preso, acusado de sair do país ilegalmente e por incitar ações criminosas. Sua condenação foi de cinco anos de prisão. Mas em julho de 1963, a polícia encontrou documentos com registros das atividades da Lança da Nação, e iniciou um novo julgamento contra Mandela e mais sete réus.
O julgamento ganhou repercussão internacional. Mandela defendeu o próprio caso, e fez um longo e forte discurso, que ficou famoso apesar da censura governamental.
“Dediquei toda minha vida a esta luta do povo africano. Lutei contra o domínio branco e lutei contra o domínio negro. Defendi e prezo a ideia de uma sociedade democrática e livre, em que todas as pessoas convivam em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal para o qual eu espero viver e que espero ver realizado. Mas, Meritíssimo, se preciso for, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer”.
Nelson Mandela (1964)
No dia 12 de junho de 1964, aos 46 anos, Nelson Mandela foi sentenciado à prisão perpétua, acusado da organização de 150 atos de sabotagem.
A partir daí, uma grande mobilização nacional e internacional teve início. A luta dos negros sul-africanos contra o Apartheid ficou cada vez mais violenta, e o governo tinha cada vez mais dificuldade para lidar com a resistência.
No ano de 1980, mais de 20 países decretaram embargo econômico contra a África do Sul, e a Organização das Nações Unidas (ONU) atuou solicitando o fim do regime no país, que era presidido, na época, por Marais Viljoen.
No dia 11 de junho de 1988, em comemoração ao aniversário de 70 anos do ativista Nelson Mandela, um show em sua homenagem foi realizado em Londres, no Estádio Wembley. Confira imagens:
Somente em 11 de fevereiro de 1990, 27 anos depois da sua prisão, Nelson Mandela foi solto. Em liberdade, ele foi ao encontro de milhares de pessoas que o aguardavam, na Cidade do Cabo. Em seu discurso, defendeu a luta armada contra o Apartheid e disse que o governo teria que negociar com o CNA, que acabara de voltar a ser legalizado.
Mandela pediu a libertação de todos os presos políticos. E convocou a população branca da África do Sul para se unir aos negros na formação de um novo regime. Dois anos depois, em um plebiscito formado só por pessoas brancas, foi decidido que o Apartheid deveria ser encerrado com 69% dos votos.
Em 1993, Mandela recebeu o prêmio Nobel da Paz ao lado de Frederik de Klerk, presidente que estava no poder na ocasião da sua soltura.
Nelson Mandela presidente
Em 1994, Nelson Mandela se tornou o primeiro presidente eleito através de uma eleição multiracial, e logo começou um processo de democratização da África do Sul, focado na reconciliação e recuperação do país.
Ele presidiu até 16 de junho de 1999, e depois se aposentou. O ícone da luta dos direitos humanos morreu no dia 5 de dezembro de 2013, na sua casa, em Joanesburgo, aos 95 anos, em decorrência de um câncer de pulmão.
Como legado, ele mudou a história do seu país e deixou ensinamentos de luta por direitos e igualdade racial para todo o mundo. Mandela foi um homem que mostrou ao mundo como se organiza uma luta pelos direitos dos mais fragilizados e por justiça social.
Confira o documentário “Nelson Mandela: O Homem Por Trás da Lenda”:
*Com informações de: Brasil Escola, Made for Minds, Ensinar História, O Globo e Wikipedia.